...Porque as palavras não morrem

Serenata

Venho ao teu encontro a procurar
bondade, um céu de camponeses
altas árvores onde o sol e a chuva
adormecem na mesma folha.

Não posso amar-te mais,
luz madura, espaço aberto.
Não posso dar-te mais do que te dou:
sangue, insónias, telegramas, dedos.

Aqui estou, fronte pura, rodeado
de sombra, de soluços, de perguntas.
Aceita esta ternura surda,
este jasmim aprisionado.

Nos meu lábios, melhor: no fogo,
talvez no pão, talvez na água,
para lá dos suplícios e do medo,
tu continuas: matinalmente.

Eugénio de Andrade

Comentários

I Am No One disse…
Não consegui escolher nenhum para a devida homenagem, bolas... nem um texto consegui escrever em favor de quem nos deixou, e todos eles mereciam qualquer coisa... fica a tua homenagem e um poema muito bem escolhido.
Bonitas palavras, mas as da minha maninha são de longe mais belas e significativas. Beijo Grande ;) *

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