O Miguel já aprendeu mais 2 letras
O Miguel já aprendeu mais 2 letras... e como isso me encheu de orgulho, como fiquei feliz por ele. São mais dois grandes passinhos que ele dá na sua vida. O Miguel é o menino com quem faço babysitting e que mudou a minha vida nos últimos quatro meses.
A criança que, no alto dos seus (quase) dois anos, é já o maior fã de Caetano Veloso. Quantas horas temos passado em frente àquela aparelhagem onde ele me deu a conhecer o "Fina Estampa ao vivo". O quanto ele vibra e dança. O quanto me surpreendeu ao ver que ele sabia pôr os CDS a tocar e que mudava as faixas para a frente ou para trás consoante o que mais lhe agradava. As descobertas que ele me permitiu fazer com ele!
O Miguel surgiu na minha vida numa altura conturbada. Não sei se algum dia ele virá a saber o quanto a sua sabedoria de criança me ajudou a superar os meus dilemas. Mas assim foi. Assim tem sido sempre que vou para "tomar conta dele". Com ele eu permito-me ser igualmente criança. E ele gosta muito. Naquelas horas em que brincamos somos os melhores amigos. (Sou também, claro, a figura protectora que cuida). Sei tudo o que preciso saber para gostar dele incondicionalmente: é apaixonado por música, tem um fascínio por autocarros, detesta ser penteado, adora cenoura cozida e é a criança mais alegre que conheço.
E por isso puxa-me para dançar e agarra com toda a sua mãozinha no meu dedo indicador para apontarmos os dois em conjunto para qualquer coisa que ele descubra. Costumo sentar-me no chão com as pernas "à chinesa" enquanto danço e marco o ritmo das ‘Bossinhas’ que tocam; e ele ao meu lado acompanha, rindo, batendo palmas e marcando o ritmo dele tal como eu faço. Gosta de puxar pela minha mão e pô-la na coluna sentindo a vibração da música e depois ri-se e diz "tá-tá" (já está) e depois leva-me a mão até à outra que está avariada, encolhe os ombros e levanta os bracinhos e as mãos "- em-pa-pou!!"- empanou quer ele dizer, ou seja, avariou!
Criei com ele aquilo que acabou por ser um ritual. "Vou calçar as pantufas Miguel, já venho" (ponho as mãos em concha à volta das suas bochechas e dou-lhe um beijinho) . Ele veio atrás sem eu dar conta. Olho e está à porta com a sua chucha e mãos atrás das costas, com um ar muito adulto de quem espera uma coisa muito importante. A hora de brincar é uma coisa muito séria. Percebo a sua ansiedade. "São as pantufas mágicas da Joana Miguel, calço-as sempre antes de irmos brincar". Sorriu e começou a olhá-las de maneira diferente. Há qualquer coisa de mágico com estas pantufas e que tem a ver com o início das nossas brincadeiras. Calçar as pantufas mágicas é sair do papel "distante" do adulto e entrar no mundo mágico da brincadeira com ele. É ser criança com ele. E ele percebeu isso perfeitamente. E sempre que as calço ele lá está à porta a rir-se para mim.
Também é verdade que foi uma solução que arranjei para não riscar o chão à mãe. Mas acima de tudo foi para criar um espaço de fantasia naqueles bocadinhos em que brinco com o meu pequeno amigo.
Quando o acordo ficamos sempre um pouco à janela e também nesse momento ele me mostra o que vê. Ri-se, ri-se muito. Com o autocarro que passa, com os pássaros que vê e que ele logo aponta- deixando uma dedada brutal na janela- e diz te-té (que é pássaro em ‘miguelês’). Lembro-me há pouco tempo de se rir muito. Ria, ria em grandes gargalhadas. Perguntei-lhe o que via. "áua"- respondeu. Água. Qualquer coisa tinha rebentado na rua e havia um repuxo de água que fazia um efeito bonito. O ‘maravilhamento’ das crianças!
O Miguel é uma criança muito especial, será sempre para mim. Gostava muito de ter o privilégio de o ver crescer.
Guardo em mim o momento em que, após inúmeras tentativas para o deitar (quarto à escuras; a caixinha de música a tocar pela enésima vez)...e... pela primeira vez ele deitou a cabeça sobre mim...aconchegou-se ao meu pescoço e deixou-se dormir no meu colo. A música da caixinha tinha acabado, só se ouvia alto o bater do meu coração e o que lhe cantava baixinho para o embalar. Que momento da minha vida. Tudo o que havia dentro de mim derreteu. Dificilmente haverá experiência mais bonita do que sentir amor verdadeiro por uma criança.
Imagino ser mãe...que vontade.
A criança que, no alto dos seus (quase) dois anos, é já o maior fã de Caetano Veloso. Quantas horas temos passado em frente àquela aparelhagem onde ele me deu a conhecer o "Fina Estampa ao vivo". O quanto ele vibra e dança. O quanto me surpreendeu ao ver que ele sabia pôr os CDS a tocar e que mudava as faixas para a frente ou para trás consoante o que mais lhe agradava. As descobertas que ele me permitiu fazer com ele!
O Miguel surgiu na minha vida numa altura conturbada. Não sei se algum dia ele virá a saber o quanto a sua sabedoria de criança me ajudou a superar os meus dilemas. Mas assim foi. Assim tem sido sempre que vou para "tomar conta dele". Com ele eu permito-me ser igualmente criança. E ele gosta muito. Naquelas horas em que brincamos somos os melhores amigos. (Sou também, claro, a figura protectora que cuida). Sei tudo o que preciso saber para gostar dele incondicionalmente: é apaixonado por música, tem um fascínio por autocarros, detesta ser penteado, adora cenoura cozida e é a criança mais alegre que conheço.
E por isso puxa-me para dançar e agarra com toda a sua mãozinha no meu dedo indicador para apontarmos os dois em conjunto para qualquer coisa que ele descubra. Costumo sentar-me no chão com as pernas "à chinesa" enquanto danço e marco o ritmo das ‘Bossinhas’ que tocam; e ele ao meu lado acompanha, rindo, batendo palmas e marcando o ritmo dele tal como eu faço. Gosta de puxar pela minha mão e pô-la na coluna sentindo a vibração da música e depois ri-se e diz "tá-tá" (já está) e depois leva-me a mão até à outra que está avariada, encolhe os ombros e levanta os bracinhos e as mãos "- em-pa-pou!!"- empanou quer ele dizer, ou seja, avariou!
Criei com ele aquilo que acabou por ser um ritual. "Vou calçar as pantufas Miguel, já venho" (ponho as mãos em concha à volta das suas bochechas e dou-lhe um beijinho) . Ele veio atrás sem eu dar conta. Olho e está à porta com a sua chucha e mãos atrás das costas, com um ar muito adulto de quem espera uma coisa muito importante. A hora de brincar é uma coisa muito séria. Percebo a sua ansiedade. "São as pantufas mágicas da Joana Miguel, calço-as sempre antes de irmos brincar". Sorriu e começou a olhá-las de maneira diferente. Há qualquer coisa de mágico com estas pantufas e que tem a ver com o início das nossas brincadeiras. Calçar as pantufas mágicas é sair do papel "distante" do adulto e entrar no mundo mágico da brincadeira com ele. É ser criança com ele. E ele percebeu isso perfeitamente. E sempre que as calço ele lá está à porta a rir-se para mim.
Também é verdade que foi uma solução que arranjei para não riscar o chão à mãe. Mas acima de tudo foi para criar um espaço de fantasia naqueles bocadinhos em que brinco com o meu pequeno amigo.
Quando o acordo ficamos sempre um pouco à janela e também nesse momento ele me mostra o que vê. Ri-se, ri-se muito. Com o autocarro que passa, com os pássaros que vê e que ele logo aponta- deixando uma dedada brutal na janela- e diz te-té (que é pássaro em ‘miguelês’). Lembro-me há pouco tempo de se rir muito. Ria, ria em grandes gargalhadas. Perguntei-lhe o que via. "áua"- respondeu. Água. Qualquer coisa tinha rebentado na rua e havia um repuxo de água que fazia um efeito bonito. O ‘maravilhamento’ das crianças!
O Miguel é uma criança muito especial, será sempre para mim. Gostava muito de ter o privilégio de o ver crescer.
Guardo em mim o momento em que, após inúmeras tentativas para o deitar (quarto à escuras; a caixinha de música a tocar pela enésima vez)...e... pela primeira vez ele deitou a cabeça sobre mim...aconchegou-se ao meu pescoço e deixou-se dormir no meu colo. A música da caixinha tinha acabado, só se ouvia alto o bater do meu coração e o que lhe cantava baixinho para o embalar. Que momento da minha vida. Tudo o que havia dentro de mim derreteu. Dificilmente haverá experiência mais bonita do que sentir amor verdadeiro por uma criança.
Imagino ser mãe...que vontade.
Comentários
Sem duvida!
beijo grande
Aqui quero apenas dizer-te que entendo mt bem a magia dessa tua relação com o Miguel, eu tb tenho um "Miguel", que é a minha "xokito", uma Luz mt especial na minha vida! Quem sabe um dia... te conto esta história tão especial e transcendente :o) Por agora fica a minha ternura por essa teia linda de sentimentos que soubeste apreender, mimar, e deixar crescer em ti e nele! Bem hajas! Se o meu Pedro e a minha Inês alguma vez precisarem... adoraria que ficassem ao teu cuidado. E isto dito por um pai, é o melhor elogio que posso fazer-te! E eu sei... que não é isso que procuras, mas apeteceu-me fazê-lo. Porque sim! Um beijo