Mood: Maria João e Mário Laginha, Beatriz
Não me sabia proteger. Quando assim era, as mãos pareciam aves feridas, mortas a tiro. Sem peso de matéria. Sem Dor. Um certo prazer na leveza. E esvaíam-se por entre silêncios, até chegar ao aperto de cativeiro que sempre escondi no intervalo cruzado dos joelhos. Dói menos, o pausar maior do espaço entre o inspirar e expirar. Doía sempre menos, quando me esforçava. Porque há um coração que desacelera e a memória também. Era um jeito mel de estar entregue às coisas duras. Inspirava e expirava. Inspirava. Expirava.
Nem sempre estar pesarosa é pesado. No meu caso justamente, que nunca tivera talento para encarnar o papel de gente feito bicho estraçalhado a desistir-te, estar triste era recordar os passos pelos quais o ar entra e sai do corpo. E aceitar que por vezes as mãos nos morrem sossegadas.
Comentários
e a asa branca, mood (faixa número 7)? quando merece um destaquezinho?
pérola que só mais tarde se desvelou (do que ali a beatriz), mas cresce, sabes?, e cresce sempre.
e às vezes isso é bom.
o mesmo deste lado
em relação às duas
supracitadas.