Mood: Maria João e Mário Laginha, Beatriz


Não me sabia proteger. Quando assim era, as mãos pareciam aves feridas, mortas a tiro. Sem peso de matéria. Sem Dor. Um certo prazer na leveza. E esvaíam-se por entre silêncios, até chegar ao aperto de cativeiro que sempre escondi no intervalo cruzado dos joelhos. Dói menos, o pausar maior do espaço entre o inspirar e expirar. Doía sempre menos, quando me esforçava. Porque há um coração que desacelera e a memória também. Era um jeito mel de estar entregue às coisas duras. Inspirava e expirava. Inspirava. Expirava.
Nem sempre estar pesarosa é pesado. No meu caso justamente, que nunca tivera talento para encarnar o papel de gente feito bicho estraçalhado a desistir-te, estar triste era recordar os passos pelos quais o ar entra e sai do corpo. E aceitar que por vezes as mãos nos morrem sossegadas.


Comentários

bruno disse…
do melhor que se fez nos últimos tempos (não tão poucos assim) cá na terra. (muito contentes devem ter ficado o chico e o edu lobo.)
e a asa branca, mood (faixa número 7)? quando merece um destaquezinho?
pérola que só mais tarde se desvelou (do que ali a beatriz), mas cresce, sabes?, e cresce sempre.
Joana disse…
Asa branca... Belíssima música. Durante bastante tempo não me conseguia afastar de nenhuma delas as duas. Prenderam-se cá por dentro e não saíam nem por nada, até hoje. E ainda bem. Não tardará a homenagem. Obrigada Bruno :)
bruno disse…
às vezes é-se igual.
e às vezes isso é bom.
o mesmo deste lado
em relação às duas
supracitadas.

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