Mood: Sílvia Pérez Cruz, Duérmete
Ouvir
Da casa, ao fundo o rio.
Despeço-me,
do ferro quente lá longe da ponte
daqui tão frio.
Do azul a repousar nela,
dos carros a chiar,
que não os ouço. Desta janela.
Na surdez boa da tarde,
herdo o vento que sobrou,
que pousa nestas árvores.
Despeço-me delas, do verde.
Despeço-me de mim pousada nelas.
Nunca mais serei orfã.
Passa uma criança, um cão
passam duas, e um balão.
O cheiro a café, a terra, pão quente
O calor da tarde aterra-me dormente
na pele.
Nunca mais serei filha única.
Dia destes vou-me daqui.
De um rio, sigo para o mar.
Para já despeço-me. Mas devagar.
Da casa, ao fundo o rio.
Despeço-me,
do ferro quente lá longe da ponte
daqui tão frio.
Do azul a repousar nela,
dos carros a chiar,
que não os ouço. Desta janela.
Na surdez boa da tarde,
herdo o vento que sobrou,
que pousa nestas árvores.
Despeço-me delas, do verde.
Despeço-me de mim pousada nelas.
Nunca mais serei orfã.
Passa uma criança, um cão
passam duas, e um balão.
O cheiro a café, a terra, pão quente
O calor da tarde aterra-me dormente
na pele.
Nunca mais serei filha única.
Dia destes vou-me daqui.
De um rio, sigo para o mar.
Para já despeço-me. Mas devagar.
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